No Relatório de Análise de Polícia Judiciária elaborado pela Polícia Federal que teve o sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, foram transcritas algumas conversas entre militares do Exército Brasileiro que ajudam a se ter uma perspectiva da visão de alguns militares sobre o que deveria ocorre no país.
O site Sociedade Militar publicou alguns extratos de mensagens trocadas entre militares e de imediato foi possível perceber que parte bastante significativa da tropa na ativa, principalmente aqueles militares profissionais antigos, que tem os postos de coronel, tenente-coronel e as graduações de subtenente e primeiro sargento, que já passaram pelo menos 20 anos na ativa e que em tese deveriam ter uma perspectiva exata do modo de agir e reagir da cúpula armada das 3 forças, aparentemente não têm condições de prever o que passa pela cabeça dos oficiais generais de 4 estrelas que realmente definem o norte de Exército, Marinha e Aeronáutica.
Um número significativo dos militares demonstrou que acreditava que o alto comando estava preparado para implementar a chamada intervenção militar no caso de uma determinação do Presidente da República ou após uma situação de grande impacto, uma espécie de “estopim”, como foi a chamada revolta dos marinheiros, considerada o evento disparador da revolução de 1964.
Isso tudo pode ser interpretado como algo bastante preocupante. Na medida em que se cada uma das Forças Armadas é considerada como um organismo, com um comando único, como pode o corpo não ter a mínima capacidade de prever o que decidirá a cabeça?
Entre algumas colocações sobre a frustração de treinar, treinar e nunca participar de uma guerra e a decepção com o Alto Comando por conta de não se submeterem aos pedidos de intervenção militar, percebeu-se que alguns oficiais imaginavam que uma ação militar de grande envergadura a nível nacional poderia gerar um caos social no país e cuidaram de pensar em proteger os seus familiares. Um deles já tinha em mente a possibilidade de abrigá-los dentro de quartéis do Exército Brasileiro.
De fato, análises prospectivas publicadas pelo site Revista Sociedade Militar previam que se as Forças Armadas implementassem a chamada intervenção militar o país poderia será atirado no caos em todos os sentidos, o que geraria uma catástrofe em diversas áreas.
Outro militar ouvido opinou que após uma intervenção militar com o objetivo de impedir a posse do presidente Lula: “a situação poderia escalar a ponto da federação, o país se fragmentar em pelo menos 3 nações menores“.
R. Augusto – Observatório da Rede