O trabalho de Mauro Cid na ECEME desvela de forma contundente as intenções dos militares com as missões no Oriente Médio. Estas missões não representam, segundo o ex-ajudante de Bolsonaro, apenas uma oportunidade de ajudar a estabilizar regiões em crise ou populações que passam por necessidades, elas também são vistas como um poderoso impulso moral e financeiro para as tropas envolvidas.
O Curso de Comando e Estado-Maior é amplamente reconhecido como um dos principais passaportes para a promoção ao generalato. Somente oficiais de elite, que possuem alto status diante de superiores e têm a habilidade de falar o que os generais desejam ouvir, conseguem atravessar esse rigoroso processo seletivo.
Nas palavras do Doutor Everton Araújo dos Santos, professor da AMAN, em tese publicada recentemente: “O egresso do curso de Comando e Estado-Maior é um oficial sério, que tem uma postura elegante e profissional, que joga tênis, bebe moderadamente whisky 12 anos, viaja todos os anos para a Europa ou para os Estados Unidos; sabe tanto estar numa situação real de combate quanto numa recepção ao lado das mais altas autoridades da República…”
Mauro Cesar Barbosa Cid entregou seu trabalho de conclusão de curso na ECEME em 21 de novembro de 2018, marcando uma etapa crucial na sua trajetória para se tornar oficial-general. Apenas vinte e dois dias depois, em 13 de dezembro, ele foi designado pelo então Comandante do Exército, general Villas Bôas, para um dos cargos mais cobiçados dentro das Forças Armadas: o de ajudante de ordens do presidente da república. Este passo foi de extrema importância, praticamente um passaporte que garante promoções até o posto de General de Exército.
O trabalho de conclusão de curso de Mauro Cid na ECEME foi de certa forma revelador, pois explorou a possibilidade de participação de militares brasileiros em missões no Oriente Médio e não escondeu as inúmeras vantagens que isso poderia trazer para os próprios militares Forças Armadas. Em suas conclusões, Cid destacou que alguns generais enxergam essas missões como uma forma de aumentar os salários dos militares e de facilitar a aquisição de equipamentos.
“A participação na manutenção da paz da ONU não representa apenas um aumento dos salários militares e uma chance de aquisição de equipamento de defesa suplementar, mas também um impulso moral para os militares, devido ao prestígio associado à sua participação em uma iniciativa internacional de alta visibilidade.”
Considerações Finais: Por enquanto, uma resposta concreta para a questão dos desdobramentos e das implicações do emprego de tropas brasileiras no Oriente Médio permanece no campo dos estudos e das discussões acadêmicas. A participação na manutenção da paz da ONU não representa apenas um aumento dos salários militares e uma chance de aquisição de equipamento de defesa suplementar, mas também um impulso moral para os militares, devido ao prestígio associado à sua participação em uma iniciativa internacional de alta visibilidade.
O trabalho completo, que garantiu ao então major Mauro Cid o título de Doutor em Ciências Militares, pode ser lido no repositório de documentos da ECEME e na Revista Sociedade Militar